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Alergias alimentares

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Alergias alimentares

As alergias são manifestações orgânicas, via sistema imunológico, conseqüentes das reações que o organismo utiliza contra substâncias estranhas (alérgenos) ao seu funcionamento, sendo que esses alérgenos podem ser absorvidos pela pele, inalados e/ou ingeridos como alimentos e os ingestantes (toxinas, fungos, aditivos, restos de insetos etc.), que vem junto com os alimentos. Normalmente a reação alérgica é uma resposta do sistema imune a uma proteína ou uma molécula ligada à proteína alimentar que é identificada como um “corpo estranho”1.

Nas alergias, segundo a classificação de Gell e Coombs, existem os Mecanismos de Hipersensibilidade dos tipos I, II, III e IV. Porém, diversos estudos clínicos e laboratoriais mostram uma participação maior dos mecanismos dos tipos I e III e, principalmente, de uma ação combinada dos dois tipos2.

As reações de hipersensibilidade do tipo I são as reações alérgicas conhecidas tradicionalmente. São mediadas pela imunoglobulina IgE, com reações imediatas, podendo se manifestar em minutos após o contato com a substância alergênica, até oito horas após a exposição ao alérgeno; portanto nesse tipo de alergia, é muito mais fácil associar o sintoma ao alérgeno que o provocou.

As reações de hipersensibilidade do tipo III são também conhecidas como Alergia Escondida, Hipersensibilidade ou até Intolerância Alimentar.

Nesse tipo de alergia o consumo do alimento sensibilizante, alergênico, leva à liberação gradual de histamina e formação de imunocomplexos, que provocam reações tardias, levando de 3 a 16 dias para se manifestar. No processo de hipersensibilidade, a substância alergênica ingerida deve ser consumida freqüentemente e não uma só vez.

As manifestações clínicas são cíclicas e variam em tempo, intensidade e gravidade, mesmo quando desencadeadas por um mesmo alérgeno, pois os fatores que determinam os sintomas são somatórios e podem ter interferências fisiológicas, emocionais e ambientais.

A individualidade bioquímica faz com que os organismos possam reagir de maneiras diferentes ao mesmo alimento, podendo desencadear processos crônicos durante a nossa vida, sintomas estes que vão trocando de órgão alvo, conforme os sintomas dos mesmos vão sendo tratados (sem tratar as causas). Estes sintomas podem conviver ou ainda, alternarem-se durante a vida. Hoje sabemos que problemas como estes podem ser conseqüência de hipersensibilidades alimentares, causando reações que podem ser inflamatórias (as “ites” em geral), mentais (falta de concentração) ou emocionais (ansiedade).

Outra particularidade importante no processo de hipersensibilidade é que a liberação de histamina (em pequenas quantidades), causada pela substância sensibilizante, gera uma sensação de prazer, conforto e relaxamento, devido ao fato da histamina ser um relaxante cerebral. Portanto o consumo do alimento sensibilizante é primeiramente ligado ao prazer e não aos sintomas que ele trará, muitas vezes levando a uma dependência (vício) de consumo do alimento sensibilizante ou de seus derivados (ex. chocolates, laticícios, doces, álcool etc.)5.

 

 

 

Sinais e sintomas que podem ser provenientes de alergias alimentares escondidas

 

Local do corpo Sinais e sintomas

Pele

Sensibilidade, transpiração excessiva, palidez, olheiras, lóbulo vermelho da orelha.
Orelhas Orelhas vermelhas (mudanças de personalidade), infecções.
Bochechas Brilhantes, vermelhas, circular (criança de 1 a 4 anos)
Lábios Secos e rachados
Nariz Vermelho, coceira
Olhos Vermelhos, coceira, lacrimejantes, prega ou bolsa sob os olhos, olhos inchados, olhar para o nada e olheiras.
Gengivas e interior da bochecha Desenvolvimento de feridas ou ulceras
Língua Rachaduras, bolinhas na língua, língua branca, sede excessiva.
Fala Rápida, gaguejar, balbuciar, pouco nítida, voz rouca, tom alto, repetir várias vezes à mesma palavra ou sentença.
  Assadura
Entre as costas e nádegas Bolhas ou feridas
Mudanças bruscas Na escrita e no entendimento, acompanhada de mudança no comportamento (depressão, agressividade, tristeza).
  Hipoglicemia
  Obesidade
  Alcoolismo
  Mãos e pés frios
  Inflexibilidade nas juntas
Pernas Dor nas pernas, principalmente á noite (mais em crianças de 2 a 5 anos).
  Enurese noturna (urinar na cama).

Patologias relacionadas á alergias alimentares

Local

Sintomas

Respitaroria

Asma, rinite, sinusite, amidalite, otite média recorrente, produção excessiva de muco.
Genito urinárias Cistite de repetição, enurese noturna, candidíase.
Gastrointestinais Diarréia, constipação, perda de apetite, gastrite, colite, esofagite, má absorção, flatulência aumentada, inchaço, doença celíaca, refluxo e cólicas náuseas e vômitos.
Neuropsicológica Enxaqueca, alteração do sono e/ou humor, insônia, hiperatividade, falta de concentração, ansiedade e depressão, fadigas inexplicáveis, convulsão, comportamento anti-social, embotamento metal.
Auto imune Artrite, lupus, tireoidite.
Dermatológica Acne, eczema, urticária, dermatite, caspa.
Endócrino *Obesidade, magreza, hipoglicemia, bulimia, anorexia, colesterol aumentado.
Sistêmico Dores articulares, dores musculares, retenção hídrica, síndrome gripal, olheiras, olhos inchado, olhos e lóbulos das orelhas vermelhos, bochechas vermelhas, língua rachada e/ou branca.

 

* Obesidade: A hipersensibilidade alimentar é conhecida também Alergia Escondida, por ser difícil associar os sintomas com as substâncias que as causaram. Estas reações, na maior parte dos casos não são imediatas, como já citado anteriormente, podendo ocorrer de 2 horas até 3 dias após o contato com os desencadeadores das mesmas. Este fato é que dificulta seu diagnóstico.

Alimentos contendo substâncias sensibilizantes podem agredir a parede intestinal, alterar sua capacidade de absorver nutrientes e de barrar substâncias estranhas gerando uma síndrome de má absorção. Além de empobrecer o organismo nutricionalmente, facilita mais ainda a formação de substâncias pró-inflamatórias. Como a parede intestinal também é produtora da maior parte da serotonina, quando ela é agredida esta função também é prejudicada. Todos estes fatores em conjunto colaboram para os processos que desenvolvem a obesidade como: desequilíbrios nutricionais, aumento de resistência à insulina, aumento de cortisol (por estresse), diminuição de neurotransmissores que regulam o apetite, favorecimento dos processos de ansiedade, compulsão e até mesmo depressão4.

 

 

Fatores que facilitam as reações alérgicas alimentares:

  • Predisposição genética (ex: pele e olhos claros);
  • baixa ingestão de fribras;
  • alto consumo de alimentos refinados e substâncias químicas;
  • Consumo regular de fatores antinutricionais (ex: cafeína);
  • Deficiência de enzimas (ex: lactase);
  • Alergênicos alimentares (ex: betalactoglobulina, proteína do leite);
  • Infecções (pôr parasitas, bactérias, fungos, leveduras);
  • Carências nutricionais;
  • Medicamentos (ex: antiinflamatórios, corticosteróide, antibióticos, laxantes, quimioterápicos);
  • Álcool, sensibilidade ao glúten;
  • Perda ou desequilíbrio da flora intestinal (alteração intestinal).

 

Fatores que contribuem para o desencadeamento ou exacerbação dos sintomas da alergia:

  • Desmame precoce e introdução dos alimentos;
  • Freqüência de consumo de alimentos;
  • Preferências e aversões;
  • Monotonia alimentar;
  • Alimentos ocultos (ex: gordura hidrogenada – trans);
  • Consumo de produtos químicos (alimentos industrializados);
  • Ingestantes alimentares (ex: fungos, resto de insetos que vem nos alimentos);
  • Álcool, cafeína e outros fatores antinutricionais;
  • Hábitos alimentares: quando, como, quanto, o quê e com o quê se come.

 

Outros fatores que podem interferir para exacerbar o processo alérgico:

  • Medicações que interferem com o trato gastrintestinal e com a biodisponibilidade de nutrientes (antibióticos, antiácidos, laxantes, antiinflamatórios não esteroidais etc.);
  • Estresse: fumo, dinâmica familiar e social;
  • Poluição e condição ambiental: alterações bruscas de temperatura.

 

Tratamento

 

É fundamental analisar e tratar os fatores que contribuem para o desencadeamento ou exacerbação dos sintomas da alergia alimentar. O melhor caminho é através de um suporte nutricional adequado já que alguns nutrientes são importantes para reduzir a liberação de histamina, dando um suporte anti-histamínico (antialérgico) e a maior parte dos pacientes alérgicos tem grandes desequilíbrios nutricionais como conseqüência dos fatores que determinam seu desenvolvimento.

Detectando os erros alimentares e os alimentos alergênicos, por avaliação laboratorial e/ou clínica (avaliação de sinais e sintomas e dos hábitos alimentares), deve-se elaborar uma orientação que corrija esses erros e um plano alimentar que leve em consideração:

  • Exclusão temporária dos alimentos de maior reatividade (de 1 a 3 meses);
  • Rotatividade de 4 dias (ou mais) dos alimentos de baixa ou média reatividade;
  • Reintroduzir os alimentos de alta sensibilidade (1 de cada vez), avaliando os sintomas, e se necessário, manter a exclusão por mais um período, de acordo com as reações manifestadas; se não houver nenhuma reação adversa, manter o alimento também na rotatividade de, no mínimo 4 dias;
  • Acompanhamento e conscientização do paciente e/ou família durante todo o processo de exclusão e reintrodução dos alimentos alergênicos.

È de extrema importância procurar um profissional capacitado (nutricionista funcional), para que juntos possam identificar através dos sintomas e patologias apresentados (atualmente ou em alguma fase da vida), quais são os possíveis alimentos alergênicos e tratá – los antes que esse imunocomplexo (alimento alergênico), fique circulando nos trazendo diferentes sintomas e cada vez mais graves podendo levar as doenças auto – imune. Apenas desta maneira teremos uma saúde plena, o que inclui os equilíbrios mentais, físicos e emocionais.

 

Bibliografia

 

  1. FERGUSON, A. Definitions and diagnosis of food intolerance and food allergy: consensus and controversy. J. Pediatr,1992.
  2.  BROSTOFF, J., GAMLIN, L. Food allergies and food intolerance. Bloomsbury: Vermont, 2000. 414p.
  3. BAKER, SIDNEY M. Detoxification & Healing: The Key to Optimal Health. Connecticut: Keats Publishing, Inc., 1997. 179p.
  4. ZILBERSTEIN, BRUNO. CARREIRO, DENISE M. Mitos e realidades sobre a obesidade e cirurgia bariátrica. São Paulo: São Paulo, 2004.
  5. Nutrição Saúde e Performance. Anuário Nutrição e Pediatria. Alergias alimentares. Ed. 21. Ano 4. 2003.