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Osteoporose e nutrição.

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Osteoporose e nutrição.

Dentre as doenças ósseas a osteoporose pode ser considerada um problema de saúde pública mundial devido a sua alta prevalência. A doença invalida ou incapacita um elevado número de pessoas, principalmente mulheres nas últimas décadas de vida, atingindo cerca de 1 em cada 4 mulheres na faixa etária dos 65 anos ou mais.3,9

A osteoporose é uma patologia sistêmica caracterizada por diminuição da massa óssea e deteriorização da microarquitetura do tecido ósseo com conseqüente aumento da fragilidade do osso e susceptibilidade a fraturas. O aparecimento da osteoporose em mulheres está relacionado com a queda hormonal, condicionando uma hipofunção osteoblástica. Desta forma, devemos conhecer todos os fatores envolvidos nesta patologia, para promover métodos de prevenção adequados.12

A carga genética, a alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos, levam a formação de uma maior densidade óssea e sua conseqüente perda através dos anos, não leva a osteoporose. No entanto, a contínua perda óssea, à medida que envelhece pode, eventualmente, levar a osteoporose senil.2

No Brasil, segundo o IBGE, a população propensa a desenvolver osteoporose aumentou de 7.5 milhões em 1980 para 15 milhões no ano 2000.5

A etiologia da osteoporose não é conhecida, mas a hipótese mais comum relaciona três fatores: estado endócrino, deficiência nutricional e atividade física diminuída.8

Mulheres fumantes entram na menopausa 1 ou 2 anos mais cedo e perdem massa óssea mais rapidamente no pós-menopausa do que mulheres não fumantes; esse fato pode ser devido a uma diminuição das concentrações séricas de estrógeno.5

Alguns nutrientes como zinco, cálcio, vitaminas e isoflavonas, participam do processo de metabolismo ósseo e desta forma serão fundamentais para a prevenção da osteoporose.

 

Zinco

O Zinco aumenta a captação de cálcio na zona de ossificação modulando a atividade da fosfatase alcalina dos osteoblastos e finalmente inibindo a ação dos osteoblastos.

 

Estudos avaliaram que a deficiência de Zinco está associada à diminuição de 45% na massa óssea e deterioração da arquitetura óssea trabecular, com diminuição e estreitamento da trabécula. Durante o crescimento isso pode prejudicar o acúmulo máximo de massa óssea, podendo ainda ter um importante papel como fator de risco na patogênese da osteoporose.12

Cálcio

O cálcio é o componente mais importante dos tecidos mineralizados e é necessário para o crescimento e desenvolvimento normal do esqueleto e dos dentes. A ingestão ideal refere-se à quantidade de consumo necessária para que o indivíduo possa:

  • maximizar o pico de massa óssea adulta;
  • manter a massa óssea adulta, e;
  • inimizar a perda óssea com o avançar da idade.5

O cálcio possui um papel determinante na construção e manutenção dos ossos e dentes. Várias atividades enzimáticas dependem dele, como por exemplo as contrações musculares,  a ação dos neurotransmissores, a regulação dos batimentos cardíacos e a coagulação sanguínea, além de afetar a função de transporte exercida pelas membranas celulares.

A excreção do cálcio ocorre em quantidades aproximadamente iguais nas fezes e na urina. As perdas dérmicas ocorrem na forma de suor e esfoliação da pele. A perda de cálcio no suor é ao redor de 15mg/dia.

As necessidades são aumentadas  no crescimento, gravidez e lactação.

Em geral, quanto maior a necessidade e menor o fornecimento dietético, mais eficiente será a absorção do cálcio. Esse é um mecanismo de proteção do corpo, porém não devemos deixar de ingerir alimentos fonte de cálcio e de boa absorção.

 

Fatores que interferem na absorção de cálcio 16:

–          tempo de trânsito intestinal

–          presença de alumínio e chumbo

–          uso de antiácidos – acloridria provocada por medicamentos como omeprazol

–          microbiota intestinal deficiente

–          deficiência de vitamina D disponível (esta precisa ser sintetizada pelo sol)

–          presença de fosfato (presente nos refrigerantes) e ácido fítico (presente no espinafre e na fibra de trigo)

–          grande quantidade de sódio na mesma refeição, pois o cálcio e o sódio competem pelos mesmos sítios de ligação

–          excesso de proteínas – cada grama de proteína metabolizada aumenta as concentrações urinárias de cálcio cerca de 1,75 mg

–          excesso de fibras insolúveis (vegetais folhosos)

–          excesso de gorduras saturadas e açúcar refinado contribuem para maior excreção de cálcio

 

Fatores que melhoram a absorção16:

–          Flora intestinal íntegra

–          Ph digestório dentro dos limites normais – 2,5 no estômago e 5,5 no intestino.

–          Horário do consumo: o pico de concentração do paratohormônio é à noite, sendo este o horário mais adequado para suplementação, pois pode impedir a remoção do cálcio no sangue, preservando o cálcio do osso. Para manter níveis adequados de cálcio no sangue, o ideal seria consumir pequenas doses ao longo do dia, através dos alimentos.

–          Mais vale a qualidade do cálcio ingerido do que sua quantidade, pois é na relação entre os minerais que acontece sua absorção. Não há absorção de cálcio sem magnésio, pois este equilibra o Ph sanguíneo

 

–          Minerais envolvidos com o cálcio e sua absorção óssea: magnésio, zinco, boro, silício, vitamina K, manganês, vitamina C, cobre, potássio.

 

Alimento Quantidade Medida caseira Teor de cálcio Sódio Calorias
Leite desnatado 200 ml 1 copo 248 mg 120 mg 72 cal
Leite em pó desnatado 20 g 2 colheres sopa 265 mg 85 mg 70 cal
Iogurte desnatado  200 ml 1 pote 280 mg 85 mg 82 cal
Iogurte light 115 g 1 pote 140 mg 60 mg 50 cal
Coalhada 200 g 1 copo 480 mg 147 mg 120 cal
Queijo minas frescal 30 g 1 fatia 170 mg 140 mg 73 cal
Requeijão cremoso 30 g 1 colher sopa 45 mg 90 mg 86 cal
Ricota 30 g 1 fatia 62 mg 80 mg 52 cal
Queijo parmesão 20 g 1 colher sopa  271 mg  320 mg 79 cal
Queijo prato 30 g 1 fatia 220 mg 290 mg 107 cal
Aveia preparo instantaneo  20 g 2 colheres sopa 79 mg 75 cal
Leite de soja industrializado 200 ml 1 copo 120 mg 120 mg 60 cal
Leite de soja em pó 26 g 2 colheres sopa 240 mg 30 mg 130 cal
Farinha Láctea 40 g 2 colheres sopa 110 mg 166 cal
Feijão, média 75 g (coz) 1 concha 21 mg 3 mg 82 cal
Feijão branco  75 g (coz) 1 concha 43 mg 3 mg 84 cal
Amêndoa 30 g 15 unidades  80 mg 3 mg 180 cal
Brócolis 30 g 3 flores 15 mg 9 mg 8,4 cal
Couve refogada 30 g  3 colheres sopa 330 mg 14 mg 25 cal
Castanha do Pará 30 g 6 uni 53 mg 200 cal
Figo fruta 100 g 1 uni 35 mg 1 mg 74 cal
Gergelim semente de 10 g 1 colher sopa 97,5 mg 1 mg 57 cal
Mandioca 100 g 2 pedaços  91 mg 8 mg 120 cal
Tofu (queijo de soja) 100 g 4 fatias 510 mg 4 mg 73 cal
Damasco seco 50 g 6 uni 22 mg 56 cal
Tahine (pasta de gergelim) 20 g 1 colher sopa 128 mg  – 120 cal
Semente de abóbora 30 g 2 colheres sopa 16,5 mg 133 cal
Quinua (cereal andino) 10 g 1 colher sopa 12,7 mg   – 35 cal
Hummus (pasta de grão de bico) 60 g 3 colheres sopa 81 mg 10 mg 140 cal
Sardinha em molho de tomates 50 g ½ lata 120 mg 100 mg 85 cal

 

Quanto ao leite de vaca ser citado como a melhor fonte16: quanto mais se sabe sobre o leite e sua composição química, menos indicado como fonte de cálcio ele se torna:

– o leite de vaca não contém magnésio, mantém o ph do estômago alcalino, o que impede a absorção do cálcio. As proteínas do leite de vaca são fermentadas por bactérias no intestino, acidificando o meio e impedindo a ação do cálcio.

– O leite torna o ph sangüíneo alcalino: necessitando de mais cálcio para equilibrar este ph, busca nos ossos o cálcio que está faltando.

Se analisarmos todas estas questões em conjunto, iremos perceber que o maior problema não está no consumo de leite e sim no alto consumo do mesmo e de seus derivados, em detrimento de alimentos fontes dos outros minerais necessários para o equilíbrio orgânico. Esse desequilíbrio facilita as reações alérgicas, intoxicação e transtornos funcionais, inclusive osteoporose16.

Citrato de Cálcio

Importante componente estrutural para os ossos e tem papel essencial no metabolismo dos adipócitos e no armazenamento dos triacilgliceróis.4,14,15

Magnésio

Importante para o metabolismo ósseo, o magnésio desempenha papel fundamental no metabolismo dos carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos nucléicos. Além disso, é um mediador das contrações musculares e transmissões de impulsos nervosos.6,10

Déficit de Mg pode afetar a produção da forma biológicamente ativa da vitamina D.

Boro

Contribui diminuindo a excreção urinária de cálcio. Importante para o balanço de cálcio.11

Pode potencializar a atividade estrogênica durante a menopausa, fase em que a diminuição desse hormônio, compromete a densidade óssea.

Manganês

O manganês é um nutriente essencial envolvido na formação óssea e no metabolismo de aminoácidos, colesterol e carboidratos.

 

Vitaminas:

Vitamina C

A vitamina C promove a formação de colágeno na matriz para a formação de ossos e dentes e em sua deficiência, a força óssea pode ser alterada. Esta ainda acidifica o pH intestinal deixando-o mais ácido o que favorece uma melhor absorção de cálcio.

Vitamina K

É necessária para a formação de proteínas envolvidas na manutenção óssea.1 Ela remove o cálcio de tecidos moles e repõe no osso. A

Vitamina K é um dos nutrientes envolvidos na promoção da síntese óssea.

Colecalciferol (Vitamina D)

A vitamina D atua na absorção intestinal do cálcio.2 Ela age como um hormônio esteróide, estimulando a absorção de cálcio, e na homeostase do fósforo e no turnover ósseo.7,13

Embora o cálcio e a vitamina D sejam os fatores mais importantes para uma ótima saúde óssea, cerca de mais 24 nutrientes são necessários para que isso realmente aconteça. Portanto, não é somente a falta de cálcio que favorece a osteoporose. Se o cálcio for ingerido e absorvido adequadamente, ainda assim pode não conseguir “entrar” no osso como se deve. A carência de um ou mais nutrientes necessários a este processo prejudica a “utilização” efetiva do cálcio, possibilitando ainda que o mesmo se instale em articulações moles, cause um endurecimento nas artérias (por microcalcificação das mesmas) contribuindo para um aumento da pressão arterial, favoreça a formação de cálculos de oxalato de cálcio etc.

Portanto, ao se prevenir ou mesmo tratar osteoporose, a preocupação deve ser com a biodisponibilidade do cálcio, levando em consideração a presença de todos os nutrientes necessários e ainda os outros fatores que prejudicam esse processo.

Pelos dados expostos, percebe-se que mais importante do que ingerir grandes quantidades de cálcio, é a ingestão equilibrada de todos os nutrientes e a manutenção geral de bons hábitos alimentares , além de se evitar o sedentarismo, pois, andar estimula a liberação de hormônios responsáveis pela incorporação do cálcio no osso.

 

Bibliografia

 

  1. COZZOLINO S. M. F. Biodisponibilidade de Nutrientes. São Paulo: Manole, 2005.
  2. De ANGELIS, RC. Importância dos Alimentos Vegetais na Proteção da Saúde, 2001..
  3. FERNANDES, CE. MELO, NR. WEHBA, S. MACHADO, RB. FERREIRA, JAS. ROUCOURT, S. A ingestão de cálcio e a osteoporose pós-menopáusica. Porque? Quanto? Como? Separata da Revista Saúde Feminina. 1 (1), jan/fev/mar, 1998.
  4. GUNTHER, C. W., et al. Dairy products do not lead to alteration in body weight or fat mass in young women in a I-y-intervention. Am. J. Clin. Nutr., v., n. 4, p. 751-6, 2001.
  5. KIDA, AA. TAKIMOTO, L. MONDINI. L. FREIRE. DR. LAI, DLM. Osteoporose e a saúde da mulher. Mundo da Saúde, 23(2): 120-124, 1999.
  6. KRALL, E. A.; DAWSON-HUGHES, B. Osteoporose. In:SHILS, M. E. et al.Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9 ed. São Paulo: Manole, 2003.
  7. MARREIRO, D. N. et al. Role of zinc in insulin resistance. Arq. Bras. Endocrinol. Metabol., v. 48, n. 2, p.234-9, 2004.
  8. MATSUDO, AD. HOUSTON, SM. Osteoporose e atividade Física. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 5(3): 33-59, 1991.
  9. MONTILLA, RNG. Avaliação do Estado Nutricional e do Consumo Alimentar de Mulheres no Climatério de um Centro de Saúde Escola. Dissertação para obtenção do grau de Mestre apresentada no curso de Pós-graduação em Nutrição Humana Aplicada. Universidade de São Paulo. FCF/FEA/FSP, São Paulo, 2001.
  10. NIELSEN, F. H. The alteration of magnesium, calcium and phosphorus metabolism by dietary magnesium deprivation in postmenopausal women is not affected by dietary of boron deprivation. Magnes. Res., v. 17, n. 3, p, 161-71, 2004.
  11. NIELSEN, F. H. Dietary fat composition modifies the effect of boron on bone characteristics and plasma lipid in rats. Biofactors, v.20, n. 3, p. 161-71, 2004.
  12. Nutrição Saúde e Performance. Osteoporose e nutrição. Ano 4. Edição 16. São Paulo. 2002.
  13. PINTO, E. A.; PENTEADO, M. V. C. Vitamina D. In: PENTEADO, M. V. C. Vitaminas: aspectos nutricionais, bioquímicos, clínicos e analíticos. São Paulo: Manole, 2003.
  14. ZEMEL, M. B. Mechanismis of dairy modulation and adiposity. J. Nutr., v. 133. p. 252s-6s, 2003.
  15. ZEMEL, M. B. et al. Calcium and dairy acceleration of weight and fat loss during energy restriction in obese adults. Obese Res., v. 12, p. 582-90, 2004.
  16. Fonte: WWW.cbnf.com.br ( Centro Brasileiro de Nutrição Funcional)